Afirmação foi fundamentada pela especialista Rosélia Costa após intensa pesquisa
A especialista em coloração, pesquisadora e criadora do Círculo Cromático Capilar, Rosélia Costa, revelou recentemente um dado muito importante para o mundo da beleza. Ela fundamentou o que andam falando sobre o referencial do colorista capilar, a Estrela Cromática, que até então era denominada Estrela de Oswald.
O que o cabeleireiro colorista conhece como referencial para exercer a arte de colorir os cabelos, a “Estrela de Oswald”, tem como cores primárias o vermelho, amarelo e o azul. Este sistema de cor apresentado ao cabeleireiro, como referência, no entanto, não condiz com a teoria das cores do renomado químico alemão Friedrich Wilhelm Ostwald, dessa forma, a Estrela Cromática continua sendo o referencial teórico, no entanto, o nome “Estrela de Oswald” não está correto.
Esta nova descoberta foi feita por Rosélia Costa após concluir a Graduação em Visagismo e Estética Capilar, a Pós-graduação em Docência do Ensino Superior e em Docência para a Educação Profissional. Sua paixão pela coloração capilar trouxe ainda mais uma contribuição para a área da beleza, um círculo cromático capilar, que condiz com a teoria e a prática do colorista capilar.
Nesta busca incansável pelo conhecimento, Roselia foi buscar o conhecimento científico visando o embasamento do trabalho desenvolvido. “Precisei estudar muitas teorias das cores e, nesta busca, EURÉCA! Descobri algo que quero compartilhar com todos os profissionais, pois acredito que é fundamental conhecermos e compreendermos o que praticamos todos os dias: a arte de colorir os cabelos”, afirmou a especialista.
Vamos aos fatos: a teoria de Ostwald
O alemão Friedrich Wilhelm Ostwald (1853 -1932) foi um importante físico e químico. Recebeu o prêmio Nobel de química pelo seu trabalho de catálise, em 1909. No final da carreira se apaixonou pela teoria das cores. Queiroz, no seu artigo sobre Círculos Cromáticos, diz que Ostwald apresentou o conceito full colour (cor plena = cor pura), o mesmo que o teórico Munsell chamava de “tonalidade ou tom”. Ele selecionou as cores em três grupos: conteúdo de cor (cor pura), conteúdo de preto e conteúdo de branco. Definiu a diferença entre cores cromáticas e cores acromáticas. Referente às cores acromáticas, elaborou uma organização em linha, numa escala de cinza, em oito graduações de cores claras e escuras ao misturar proporções diferentes de preto e branco. “Aqui, encontramos uma diferença importante a ser comparada: a escala de tom dos cabeleireiros tem dez alturas de tom e não apenas oito, onde o mais escuro é o 1 preto e o tom mais claro é o 10 loiro claríssimo”, enfatizou Rosélia.
A grande descoberta
Continuando com a teoria de Ostwald, ela explicou que as cores estão organizadas em forma de círculo com 24 tonalidades, onde as cores primárias adotadas foram: amarelo ao norte, vermelho ao leste, azul no sul e verde no oeste. Dessa forma, o formato de círculo se refere ao Sistema de cor NCS (Natural Color System). “Neste momento já ficou muito claro que tínhamos a principal diferença da teoria da cor aplicada na estrela cromática para a teoria da cor defendida por Ostwald”, salientou Rosélia. Esta descoberta mudaria o rumo da história do colorista capilar, afinal, as cores primárias dos cabeleireiros são: vermelho, amarelo e azul, referente ao sistema de cor pigmento opaco – RYB, como cita Perazzo (1999). “O sistema de cor da Estrela Cromática é composto de 12 cores, sendo três primarias, três secundárias e seis terciárias. É nele que o colorista capilar se baseia para fazer as misturas das colorações e escolher as nuances”, afirmou a especialista.
O sistema de cor NCS – Natural Color System
O sistema de cor de utilizado por Ostwald é o NCS, e baseia-se em seis cores: amarelo, vermelho, azul, verde, branco e preto, conforme a ilustração abaixo. Entre as quatro cores primárias foram colocadas quatro cores: laranja entre amarelo e vermelho, violeta entre vermelho e azul (ultra marinho), turquesa entre azul (ultra marinho) e verde, verde-folha entre verde e amarelo. Com essas oito cores, Ostwald construiu as 24 cores ao redor do círculo cromático. Eis aqui mais uma diferença para o colorista capilar, pois o círculo cromático dos cabeleireiros é composto de 12 cores, onde cada cor está em posição diretamente oposta à sua cor complementar, fundamentando ainda mais a descoberta de Rosélia Costa.
Ela explica ainda que analisando o círculo cromático de Ostwald, pode-se perceber outra importante diferença no que se refere às cores complementares. “As cores azul e amarelo, que estão diretamente opostas no Círculo de Ostwald, no sistema RYB a cor complementar do azul é o laranja e a cor complementar do amarelo é o violeta. A alteração das cores complementares invalidaria todo o conceito aprendido sobre neutralização de cor nos cabelos”, enfatiza. Confira na imagem abaixo esta explicação.
A Harmonia das Cores
Esse é um dos conceitos que também difere em relação à harmonia conhecida e praticada pelos cabeleireiros coloristas e a harmonia defendida por Ostwald. Segundo Barros (2011), Ostwald estabeleceu uma lei onde a harmonia é uma questão de ordem (harmonia = ordem), ou seja, para ele seria uma questão de valor tonal da cor (claro-escuro), de forma que tons próximos se harmonizam. Já para o colorista capilar, não existe o certo ou o errado, mas sim a realização do desejo ou necessidade do cliente. Neste caso, pode ser usada uma harmonia de baixo, médio ou alto contraste, dependendo da reação que se quer causar no observador com a imagem criada para satisfazer o desejo do cliente.
“Estrela de Oswald” não existe!
Por todos os itens supracitados, vimos que a “Estrela de Oswald” conforme o cabeleireiro colorista conhece, bem como, o sistema de cor relacionado a ela são não condiz com a teoria das cores proposta por Ostwald. “O que quero dizer é que a “Estrela Cromática ou Estrela das Cores” continua sendo nosso referencial teórico, mas jamais devemos chama-la de “Estrela de Oswald””, reforça Rosélia. E ela completa: “O que está errado não é a Estrela Cromática e a teoria nela contida. O que está errado, na verdade, é o fato de se ligar esta Estrela Cromática ao nome do teórico Friedrich Wilhelm Ostwald, pois o sistema de cor de Ostwald é o (NCS), que contém quatro cores primárias: amarelo, vermelho, azul e verde. Já a Estrela Cromática, usada pelos cabeleireiros, está embasada no sistema de cor pigmento opaco (RYB), que contém três cores primárias: vermelho amarelo e azul”, concluiu Rosélia Costa.
A importância de entender os sistemas de cor
Embora os cabeleireiros façam as misturas das colorações com o sistema RYB, precisam entender os três sistemas de cor mais conhecidos e usados no dia a dia da profissão: RGB – CMYK – RYB, e agora, o NCS que é o sistema de cor referente à teoria de Ostwald. Esta nova teoria é considerada, por estudiosos, o círculo dos projetos, ou seja, utilizado no design e na arquitetura.
O Círculo Cromático do Cabeleireiro
Toda esta pesquisa também levou a Rosélia a uma constatação: não existe círculo errado! “Na verdade há um círculo ideal para cada profissional usar no momento oportuno ou na sua profissão. Hoje, o cabeleireiro colorista já tem um Círculo Cromático específico para o Coloriamo Capilar. Uma ferramenta totalmente desenvolvida e customizada para aprender, ensinar e realizar a arte de colorir os cabelos”, reforça Rosélia.
O Círculo Cromático Capilar – fruto do conhecimento obtido em mais de 30 anos de profissão e outros muitos anos de pesquisa – contém toda a teoria da cor universal, porém totalmente adaptada para a teoria e a prática da cor capilar. Além disso, ele é interativo e permite obter respostas sobre neutralização, acentuação da cor e harmonia cromática entre outros conceitos. Um verdadeiro “GPS” para o profissional alcançar a cor tão sonhada pela cliente.
O futuro profissional
Quando questionada sobre os motivos que a levaram a realizar a pesquisa, Rosélia afirma que a intenção foi exatamente contribuir para a formação e educação deste novo perfil profissional que necessita ter conhecimento, habilidade e atitude. Ela cita os quatros pilares da educação que, segundo a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, o profissional competente precisa desenvolver: o saber teórico (conhecimento), o saber fazer (habilidade), o saber ser (cidadania) e o saber conviver (atitude).
A especialista produziu este artigo, pois em sua busca pelo conhecimento não encontrou uma resposta fundamentada. “Quando eu questionava tanto meus professores, quanto experientes profissionais da área sobre o motivo do nome da “Estrela de Oswald”, eu obtida apenas discursos vagos. Eu queria mais, queria compreender. Essa minha busca agora, merece ser compartilhada. Espero realmente que esta descoberta seja adotada pelas instituições de ensino para um ensino de qualidade e fundamentado em base teórica”, enfatiza Rosélia Costa.
Confira o vídeo onde ela faz a divulgação e explica como chegou a esta afirmação.
Divulgação: VM Comunicação