Os profissionais da rede municipal de ensino puderam explorar o acervo com mais de 23 mil exemplares.
A Biblioteca Pública Municipal Albertina Ramos de Araújo, localizada no Centro Histórico de São José, com 141 anos de fundação, foi o espaço escolhido para mais uma das oficinas de Contadores de Histórias. Os profissionais da rede municipal de ensino puderam explorar um dos acervos mais antigos de Santa Catarina, contendo mais de 23 mil exemplares para leitura.
A Biblioteca Pública Municipal ficou bem movimentada com a terceira etapa de formação dos Contadores de Histórias. “Esse é um ambiente aconchegante que guarda um pouco da história do município, onde a equipe do Projeto Hora do Conto Itinerante pode ampliar o leque de relatos que ele oferece”, explica a contadora de histórias do projeto Hora do Conto Itinerante, Vera Lucia Sabino.
Vera, ao interpretar Manuel, o mascate, deu início a formação que contou com inúmeras narrativas. Apresentou aos participantes um ilustre visitante do século XVIII, o alemão, médico, naturalista, colecionador de insetos e borboletas, o barão Georg Heinrich VonLangsdorff. O personagem, personificado pela contadora de histórias Lígia Barreto da Silva, saiu do livro “São José da Terra Firme”, escrito pelo historiador Gilberto Gerlach. “Nossa inspiração aconteceu quando, em nossas buscas, encontramos o Barão Langsdorff, personagem que, ao explorar o Sertão de Picadas, na nossa cidade, ficou maravilhado com sua natureza exuberante”, revelou Lígia.
Alguns escritores josefenses foram convidados especialmente para fomentar a oficina, entre eles Gilberto Gerlach. Natural de São José, fez um pequeno preâmbulo de como foi concebido seu livro. “Ele contém relatos sobre a cidade, com ilustrações e teve, inicialmente, uma tiragem de três mil exemplares. Foi lançado aqui na Biblioteca Pública. Tinha tanta gente que lotou e cada um levou um livro. Isso há 18 anos. Outras edições foram realizadas e meu sonho sempre foi de que cada escola da região tivesse vários exemplares, para poder conhecer a história de São José que é muito rica e começa lá em 1750”, relatou Gilberto.
“Escrever um livro é perpetuar-se. Sempre gostei de literatura e, quando surgiu à oportunidade, publiquei “Para todos e para cada um”, histórias que passam mensagens positivas para as crianças, que falam do respeito e dos direitos que todas elas têm. Buscamos uma sociedade mais justa e igualitária, caminhos que serão alcançados por meio de reflexões de que todos são importantes e tudo depende de nós para acontecer”, destacou a coordenadora do Setor de Educação Infantil da Secretaria de Educação, Márcia Cristina Rizzaro, que também é escritora.
Já o livro “Ostrelinha” tem Luciene Maria Coelho como autora. Atuando há 27 anos como supervisora escolar no Colégio Municipal Maria Luiza de Melo, ela conta que, como pedagoga e por acreditar na importância da leitura para a formação intelectual e crítica das crianças, sempre incentivou a literatura infantil em sala de aula. “Os livros levam às crianças e jovens a desenvolverem a sensibilidade, a criatividade, a imaginação e, acima de tudo, a adquirir a prática e o gosto por ler”, conta Luciene.
A professora de Educação Física, Zeli Maria Dorcina, há 24 anos na rede municipal, é poetisa e faz parte do grupo de poetas livres há 21 anos. Foi uma das primeiras a participar do projeto Viajando Poesia no Ônibus. “Iniciei meus registros de poesias, que seguem uma linha romântica e lírica, em um caderno já na adolescência. Com o tempo, fui melhorando minhas escritas e lancei o meu primeiro livro “Versos que me Acalentam”, um sonho que foi realizado”, declarou Zeli.
Na oficina, algumas professoras também mostraram suas criações de personagens, já idealizados como contadoras de histórias para as crianças. Outro aprendizado foi a possibilidade de transformar as pesquisas feitas nos livros de histórias em narrativas, que possam falar sobre as memórias da cidade de forma lúdica. Conhecimento que pode chegar com um viés poético para as crianças.